Educação reprovada
O próximo passo é reorganizar o calendário
Instituições da rede estadual de ensino começam a debater estratégias para recuperar os 20 dias sem atividades, devido à greve do magistério
Paulo Rossi -
O calendário para reposição dos 20 dias sem aulas na rede estadual de ensino deve ser definido nos próximos dias.
Professores, coordenadores pedagógicos e diretorias sentam para debater as melhores estratégias, mas as possibilidades de utilizar os sábados e de enxugar o período de férias em julho surgem como algumas das principais opções. A definição, entretanto, se dará caso a caso. A retomada das atividades, pós-greve, também foi momento de se defrontar com antigos problemas estruturais.
No Instituto de Educação Assis Brasil (IEAB) apenas um monitor permanece na ativa para dar conta dos três turnos e da movimentação dos cerca de dois mil alunos. Uma tarefa impossível.
Quando o quesito é a limpeza, o panorama não é diferente. Dos cinco profissionais que se dividem entre as 119 salas, além do pátio, quatro têm limitações físicas. Não podem se envolver em serviços mais pesados - conta a diretora da manhã, Mara Agripina Ferreira. O déficit de funcionários será, inclusive, pauta de reunião hoje, às 10h30min, na 5ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE).
Pelos corredores do IEAB, todavia, o clima entre os estudantes foi de reencontro e de expectativa com o novo processo de recuperação dos dias parados, depois das duas greves desencadeadas em 2016. “Entendemos a situação dos professores, mas acho que não era preciso parar de novo”, resume a aluna do 1º Ano do Ensino Médio, Eduarda Machado, 14.
A palavra ainda é mobilização
O encerramento da greve não significa o fim das articulações nem o recuo da categoria. Quem garante é o diretor do 24º Núcleo do Cpers-Sindicato, Mauro Amaral: “O nosso movimento está sendo efetivo no sentido de barrar a votação de propostas tanto do Governo Sartori quanto do Governo Temer, que têm perfil neoliberal”, defende. E reforça: “Esta é uma luta de resistência, de assegurar direitos conquistados”.
Nesse sentido, portanto, a pauta de mobilizações segue exatamente a mesma: impedir a votação de propostas que atinjam em cheio a classe trabalhadora, como as reformas federais da Previdência e Trabalhista. Em território gaúcho, a pressão também mantém o foco: evitar a votação de propostas que afetem diretamente os servidores públicos do Estado, como a extinção da licença-prêmio, o fim da obrigatoriedade de que os salários devem ser pagos integralmente até o último dia útil do mês do trabalho prestado e o fim da consulta popular para os casos que envolvem privatizações.
Paralisação nacional
O próximo dia para interromper as atividades e sair às ruas em manifestação contra as reformas já tem data marcada: será em 28 de abril; quando diferentes categorias devem se unir, mais uma vez, em repúdio a propostas defendidas pelo governo de Michel Temer (PMDB).
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Cassiano do Nascimento - Os cerca de 1,3 mil estudantes voltaram com três dias a menos de greve para recuperar, já que as aulas só começaram em 13 de março - e não dia 6 -; ainda como efeito das mobilizações de 2016. “Só tínhamos encerrado o calendário em 24 de janeiro e depois tivemos o mínimo previsto de 45 dias de férias”, explica a supervisora Simone Castro. Agora, começará, portanto, nova etapa de discussões para o desenvolvimento do conteúdo de 2017. Os alunos do 1º ao 4º anos, entretanto, não foram afetados pela greve. As 120 crianças tiveram aulas normalmente.
Dom João Braga - A elaboração do novo calendário será pauta de encontro na próxima semana. A instituição, com aproximadamente mil alunos, também enfrenta a escassez de monitores. Há apenas uma servidora para os turnos da manhã e da tarde. À noite, o colégio funciona sem monitor. “Quanto mais gente qualificada na equipe, melhor para a educação e melhor para os alunos”, destaca a diretora da tarde, Maria do Carmo Langone.
Félix da Cunha - A fase também será de montagem do calendário letivo para 2017. Os encontros devem ocorrer a partir da próxima semana - confirma a vice-diretora da tarde, Eliana de Oliveira Francílio.
A palavra da 5ª CRE
Um levantamento deverá indicar, em breve, quantos professores e funcionários seriam necessários para reposição em toda a área de abrangência da 5ª CRE. A coordenadora Maria Cristina Franz confirmou que há banco de concursados para nomeação de monitores, mas preferiu não falar em prazos nem em quantidade de profissionais que poderiam ser chamados.
“A prioridade, claro, será para as situações em que os monitores atuam diretamente com estudantes portadores de necessidades especiais”, admitiu, ao se referir às tratativas com a Secretaria Estadual de Educação para liberação das nomeações.
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